Análise de Meteoro July Gamma Draconids

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Fotografia de Bruno Christophalo

No último final de semana, foi publicada uma imagem no em um grupo de astrofotografia do Facebook que nos chamou a atenção. Uma foto tirada na madrugada do dia 27 de julho na cidade de Itatinga, interior paulista, registrou um belo meteoro que cortou mais da metade do campo de visão da câmera. Entramos em contato com o Bruno Christophalo, autor da foto, e ele nos forneceu dados suficientes para encontrarmos esse mesmo meteoro em nossa base de dados, registrado por outras duas estações, a RCP2/SP (Renato C. Poltronieri) em Nhandeara e a JZL1/PR (Juliano Cezar) em Londrina, no Paraná.

Nós estamos acostumados aos meteoros, registramos vários deles todas as noites. Mas não deixamos de nos empolgar quando nos deparamos com um registro como esse que, além da beleza, contém muita informação. Extraímos os dados astrométricos do meteoro na foto do Bruno e somamos aos dados analisados em nossas duas estações para extrair informações precisas a respeito do meteoro.

O meteoro atingiu a atmosfera terrestre à 1h06min da madrugada em um ângulo de 13.5°. Nenhuma das 3 imagens registrou o momento em que ele se extinguiu mas em todas elas, o meteoro se mostrou lento, com longa trilha e brilho constante, algo característico aos meteoros que atingem a atmosfera em um ângulo muito raso.

Pela imagem registrada em Itatinga pelo Bruno, foi possível determinar o que o meteoro se ionizou a 107.6 Km de altura, acima de Nova Fátima, no Norte do Paraná, e desapareceu no campo de visão da câmera quando estava a 73.3 Km de altura, a oeste de Piraí do Sul, no Paraná também. Ele percorreu um total de 147.2 Km de atmosfera. Sua velocidade variou de 29.51Km/s a 28.52Km/s, ou seja, se manteve praticamente constante. Seu brilho atingiu magnitude -0.9, o que não é muito para um bólido, mas é comum para meteoros rasantes como esse.

Ele foi classificado como pertencente ao radiante GDR – July Gamma Draconids. Trata-se de uma trilha de meteoroides detectada pela primeira vez pelo astrônomo russo Pulat Babadzhanovich Babadzhanov, e publicada em um artigo em 1963 chamado “Orbital elements of photographic meteors”. A atividade dessa chuva de meteoros foi reportada outras vezes à União Astronômica Internacional (SonotaCo, 2009; Molau and Rendtel, 2009; Holman and Jenniskens 2012; e Jenniskens et al., 2016). Ela tem seu radiante na constelação do Dragão que é uma constelação boreal, pouco acessível no hemisfério sul do planeta. Isso torna menos numerosos os registros de meteoros desse radiante no Brasil. Mas no dia 27 de julho, esse exemplar da July Gamma Draconids não passou despercebido pelas câmeras da BRAMON e de quebra, ainda foi registrado de forma belíssima, na câmera do Bruno Christophalo.

Imagens: Bruno Christophalo, Renato Poltronieri* e Juliano Cezar*. Análise e texto: Marcelo Zurita*. Edição: Lauriston Trindade*.

*Renato Poltronieri é um dos fundadores da BRAMON, possui uma das mais antiga estações de monitoramento de meteoros em operação no Brasil.

*Juliano Cezar integra a BRAMON desde junho de 2017.

*Marcelo Zurita é co-descobridor de chuvas de meteoros. Integra a BRAMON desde 2015. Membro da IMO.

*Lauriston Trindade é co-descobridor de chuvas de meteoros. INtegra a BRAMON desde 2015. Membro da IMO.

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