BRAMON é o Brasil na IMC 2017 (Parte 8)

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A manhã do domingo (24) surgiu com temperatura mais alta em Petnica. Seguindo a tendência do sábado, tivemos sol.

Após o café da manhã, aproveitou-se o tempo para alguns informes sobre o último dia da Conferência. Cis Verbeeck (presidente da IMO) conduziu este momento em uma das quadras do Petnica Science Center.

Cis Verbeeck fala aos participantes da IMC 2017. (Fotografia: V. Perlerin)

Cis Verbeeck fala aos participantes da IMC 2017 (Fotografia: Lauriston Trindade)

Ao retornarmos ao auditório principal, Nikola Božić era o mestre de cerimônias.

O primeiro trabalho da última sessão da conferência foi de Joe Zender: Airborne meteorite Detection. Era mostrado o uso de drones para a busca de meteoritos em campo.

Na sequência, Jérémie Vaubaillon: Time perception of a meteorite fall. Um estudo apontando que existia dificuldade para as testemunhas de avistamento de meteoros, definirem o tempo de duração do fenômeno. Isso acaba por dificultar a determinação do ponto de queda dos meteoritos, uma vez que errar no tempo do avistamento, altera a velocidade de entrada do meteoro e, consequentemente, a órbita calculada para o meteoroide em questão.

Ana Vodopivec com o trabalho: Autonomous sensor network for the detection and observation of meteors. Mostrou a criação de sistema para conduzir monitoramento de meteoros, mesmo com instalação de câmeras em ambientes distantes e isolados.

Marcello De Cicco e seu trabalho: The Brazilian Video Monitoring Meteors Network EXOSS: status and first results. A Citizen Science Project.

Simon Jeanne com: FRIPON, status of the Radio and Optical Network.

E no fim da sequência, antes do Coffe Break, tivemos Timothy Beck com a apresentação: Installation of the Mendocino College – Ukiah Latitude Observatory CAMS Project.

No retorno do Coffe Break, Nikola Božić continuou conduzindo as apresentações. Era a “Ongoing Meteor Work (Part II)”.

Lauriston Trindade abriu esta segunda parte com o trabalho: Brazilian Meteor Observation Network: History of creation and first developments.  Aqui, Lauriston recebeu vinte minutos para sua “lecture”. Iniciou a apresentação mostrando o histórico do início do videomonitoramento de meteoros no Brasil. Depois, houve a apresentação do surgimento da BRAMON e a estratificação dos números da Rede: tempo de existência, câmeras em operação, meteoros registrados, órbitas determinadas e, como um dos pontos altos do trabalho, o número de chuvas de meteoros descobertas.

Foi mostrado um pouco do processo de descoberta dos dois primeiros radiantes (EGR e ACD), ainda em março de 2017. E a brilhante transição metodológica implementada por Leonardo Amaral, com o “Ben10 Radiant Encontreior”, suíte de aplicações computacionais desenvolvida por Amaral e que possibilita a investigação de novos radiantes de chuvas de meteoros em bases de dados com centenas de milhares de órbitas. Uma suíte que busca os clusters testando a dissimilaridade entre as órbitas dos meteoros das bases, testa a robustez do radiante, determina sua posição no céu, determina a data do pico da chuva… Isto é, todo o workflow da pesquisa de novas chuvas de meteoros está dentro da Suite Encontreitor.

“Quando cheguei em Petnica, ainda na quinta (21), confesso que estava nervoso. Era a primeira vez que eu estava na Europa (era a primeira vez que estava ausente do Brasil). A IMC era uma grande oportunidade de mostrarmos o imenso trabalho e esforço da BRAMON. Nestes pouco mais de três anos e meio de existência da Rede, agimos sempre de forma transparente e voluntária, temos parcerias com instituições, mas nenhum fluxo de financiamento público. Vir à IMC foi possível através de uma iniciativa coletiva, uma Vakinha na Internet. Estar aqui, é representar centenas de pessoas que acreditam no poder popular e na Ciência de qualidade. Ao longo da Conferência, fui perdendo o nervosismo. Tive oportunidade de conversar de igual pra igual com muitas autoridades da área da Astronomia de Meteoros. Não me senti isolado ou ignorado. Agi do meu jeitinho: ouvindo mais do que falando mas sem baixar a cabeça para ninguém. Temos um trabalho sólido e real. A BRAMON se consolidou como uma das maiores redes de meteoros do mundo.” Disse Lauriston Trindade, quando falou um pouco sobre suas impressões da IMC 2017.

O ponto alto da apresentação da BRAMON foram os slides finais. Quando a lista de colaboradores da BRAMON foi exibida. Ali, tínhamos, operadores e apoiadores, das mais diversas áreas de atuação e nos mais diversos níveis dentro da Rede. O slide final, com a lista de algumas pessoas que contribuíram financeiramente  para esta empreitada também gerou uma repercussão muito positiva entre toda a audiência ali presente em Petnica.  Foi a clara demonstração do poder da verdadeira ciência cidadã.

Lauriston Trindade durante a apresentação da BRAMON  na IMC 2017.

“Quando eu era criança, estava voltando da casa de minha avó para minha casa. Olhei ara o céu e vi um meteoro muito brilhante partindo das “três Maria”. Ali, parado, no meio de uma calçada, eu fiz um pedido: quero ser cientista!. Anos depois, envolvido com a pesquisa de meteoros, quero agradecer a todos que contribuíram direta e indiretamente com a realização deste pedido que fiz à estrela cadente. Estar representando a BRAMON e o Brasil no maior evento da Astronomia de Meteoros é uma realização impensável para mim, meses atrás. mas foi graças aos esforços individuais e coletivos, que conseguimos escrever nossos feitos positivos, para a posteridade. E que isso sirva de incentivo para tantas outras pessoas, que podem estar desanimadas e inseguras sobre seus potenciais. Mas focado na busca pelo conhecimento e na disciplina do fazer bem feito, podemos ir mais longe… cada vez mais longe.” Lauriston Trindade.

Damir Segon apresentando trabalho sobre os Dez anos da Rede de Monitoramento Croata

Com o trabalho: Ten Years of the Croatian Meteor Network, Damir Segon mostrou o histórico de fundação e desenvolvimento de trabalhos de uma das mais produtivas redes europeias. A Rede Croata é parceira da BRAMON na troca de informações para desenvolvimento de softwares opensource.

Mike Hankey reapresentou seu trabalho: AMS Fireball camera program. Um trabalho interessante sobre o sistema AMS. O foco do trabalho era mostrar alternativas de redução de custo para o sistema de câmeras.

Mike Hankey mostra modelo de case que abriga as câmeras da AMS

Assim, com as apresentações encerradas, o anfitrião Nikola Božić voltou para os agradecimentos finais. Falou da satisfação em ter recebido mais uma IMC em Petnica (a última havia ocorrido em 1997). Mostrou que houve franco desenvolvimento das pesquisas de meteoros na região dos Bálcãs e apresentou os integrantes do Petnica Meteor Group que muito ajudaram na organização deste importante evento.

Nikola Božić em sua fala final na IMC 2017.

Integrantes do Petnica Meteor Group ao final da Conferência

Marc Gyssens, ladeado por Jürgen Rendtel e Nikola Božić também agradeceu a todos.

David Asher e Lauriston Trindade nas instalações do Petnica Science Center.

“A experiência da IMC 2017 foi enriquecedora em vários níveis e aspectos. Além de uma formidável experiência pessoal e profissional para mim, também posso dizer o mesmo em relação aos que compões diretamente a BRAMON. Hoje percebemos que é possível fazer sim. Chegar numa Conferência deste porte e ser elogiado pela objetividade e magnitude do trabalho é muito bom. Gera um sentimento de alívio pela certeza do trabalho bem feito. deixo meu agradecimento a todos que acreditaram e investiram. Fosse o tempo, á produção dos dados, ás análises de milhares de meteoros ao longo dos anos, às contribuições financeiras, aos incentivos e sacrifícios familiares… Agradeço a todos. Hoje vivemos um novo e melhor patamar de respeito e produção científica internacional.” Lauriston Trindade

Somos a BRAMON, junte-se a  nós!

Imagens: Lauriston Trindade, Miruna Popescu e V. Perlerin. Texto e Edição: Lauriston Trindade*

*Lauriston Trindade é integrante da BRAMON desde 2015. Membro da IMO, representou o Brasil e a BRAMON na IMC 2017 – Petnica.

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