10 meteoros que foram destaque no Brasil e no mundo em 2020

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Bólidos e FireballsDestaques

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Talvez nunca antes tenha se registrado tantos meteoros no mundo como no ano de 2020. A principal causa disso é, sem dúvida, o aumento significativo na quantidade de câmeras de monitoramento ao redor do mundo. Tudo isso, torna a seleção dos melhores meteoros de 2020 uma tarefa nada simples. Ainda assim, a BRAMON selecionou alguns deles, que de uma forma ou de outra, se destacaram esse ano no Brasil e no mundo. Confiram:

10 – Goiás, Brasil – 08 de novembro

Um bólido foi registrado na noite de 08 de novembro de 2020 durante show de luzes da apresentação do DJ Alok em Goiânia. Algumas pessoas que filmavam a apresentação conseguiram registrar o momento da passagem do meteoro pela atmosfera, que também foi gravado por uma câmera da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) em Patos de Minas e outra do Clima ao Vivo em Montes Claros, Minas Gerais. Segundo análises da BRAMON, o meteoro estava a cerca de 62 mil quilômetros por hora e se extinguiu acima de São Sebastião, no Distrito Federal.

Bólido registrado durante show de luzes do DJ Alok em Goiania - Créditos: Victor Neves

Bólido registrado durante show de luzes do DJ Alok em Goiania – Créditos: Victor Neves

9 – Eslovênia – 28 de fevereiro

Na manhã do dia 28 de fevereiro, uma grande bola de fogo foi vista em plena luz do dia nos céus da Eslovênia, Croácia e Itália. A partir de alguns vídeos gravados por câmeras em automóveis, a trajetória do meteoro foi determinada. Ele viajou a uma velocidade de aproximadamente 80 mil quilômetros por hora e explodiu com energia equivalente a 340 toneladas de dinamite, próximo à cidade de Novo Mesto, na Eslovênia.

Cinco dias depois, em 04 de março, um morador de Novo Mesto encontrou um fragmento de 720 gramas do meteorito gerado nessa queda, um condrito ordinário classificado como L5, o quinto meteorito registrado na Eslovênia.

Meteoro registrado por câmera veicular próximo à Zagreb, na Polônia

Meteoro registrado por câmera veicular próximo à Zagreb, na Polônia

8 – Pernambuco, Brasil – 15 de julho

Um grande meteoro de brilho intenso foi visto no céu do Sertão de Pernambuco na noite de 15 de julho de 2020. Segundo a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (BRAMON), que analisou imagens captadas pelas câmeras do Clima ao Vivo, o meteoro surgiu às 18h59 entre Carnaíba, Sertão de Pernambuco, e Princesa Isabel, Sertão da Paraíba. Seguiu na direção sudeste até se extinguir sobre o município de Sertânia, PE. Estima-se que alguns meteoritos tenham chegado ao solo resultante desse bólido, mas até agora, nenhum fragmento foi encontrado.

Bólido registrado em Serra Talhada, PE - Créditos: Atel Telecom / climaaovivo.com.br

Bólido registrado em Serra Talhada, PE – Créditos: Atel Telecom / climaaovivo.com.br

7 – Polônia – 05 de janeiro

O primeiro grande meteoro do ano ocorreu no dia 05 de janeiro, quando uma enorme bola de fogo cortou os céus da Alemanha e Polônia e foi registrada por várias câmeras de vigilância e de monitoramento de meteoros. Equipes de diversos países, inclusive do Brasil, trabalharam na análise dos dados para determinar a trajetória do meteoro e a possível área de dispersão dos meteoritos. Mas até o momento, nada foi encontrado.

O meteoro teve uma trajetória predominantemente de oeste para leste, partindo desde Cottbus, na Alemanha, até os arredores de Glogow, na Polônia, onde provavelmente podem ser encontrados meteoritos resultantes desse evento.

Meteoro registrado por câmera veicular na Polônia

Meteoro registrado por câmera veicular na Polônia

6 – São Paulo, Brasil – 15 de dezembro

Uma bola de fogo cruzou os céus de São Paulo na noite de 15 de dezembro de 2020. O fenômeno foi registrado por câmeras de monitoramento da BRAMON e do Clima ao Vivo. O objeto atingiu a atmosfera em um ângulo de 18,6° em relação ao solo e viajou a cerca de 48,7 mil quilômetros por hora, o que é uma velocidade relativamente baixa para um meteoro.

Mas o que chamou mesmo a atenção foi a belíssima fotografia feita por André Casagrande a partir de Primeiro de Maio no Paraná. No momento em que a bola de fogo cruzou o céu de São Paulo, ele estava justamente fotografando o céu, exatamente na direção onde o meteoro ocorreu.

Passagem do meteoro fotografada a partir de Primeiro de Maio, Norte do Paraná - Créditos: André Casagrande

Passagem do meteoro fotografada a partir de Primeiro de Maio, Norte do Paraná – Créditos: André Casagrande

5 – Austrália – 14 de junho

Na noite de 14 de junho, os poucos habitantes do oeste australiano foram surpreendidos por um fenômeno único e fascinante: uma enorme bola de fogo esverdeada cruzou o céu passando sobre algumas cidades, proporcionando um belo espetáculo de luz, que durou mais de 30 segundos e foi filmado a partir de pelo menos oito localidades.
A BRAMON analisou os vídeos divulgados e concluiu que ele percorreu uma enorme distância, ao menos 700 quilômetros, durante os mais de 30 segundos em que passou pela atmosfera. Possivelmente se trata de um meteoro “earthgrazer”, ou seja, um meteoro que ocorre quando um fragmento de rocha espacial atinge a atmosfera em um ângulo muito raso. Nessas condições ele “raspa a atmosfera” e retorna ao espaço depois de percorrer enormes distâncias.

Provável meteoro "earthgrazer" registrado na Austrália

Provável meteoro “earthgrazer” registrado na Austrália

4 – Minas Gerais, Brasil – 20 de maio

Um grande meteoro cruzou os céus de Minas Gerais, iluminou o madrugada de 20 de maio de 2020 e foi detectado por câmeras da BRAMON e do Clima ao Vivo.  O brilho gerado por ele foi tão intenso que saturou as imagens das câmeras da BRAMON e do SONEAR em Oliveira, MG. As análises da BRAMON concluíram que o meteoro estava a cerca de 103 mil quilômetros por hora e explodiu 22,3 km de altitude próximo ao município de Formiga, MG.

Meteoro registrado em Piumhi, MG - Créditos: Grupo Isimples / climaaovivo.com.br

Meteoro registrado em Piumhi, MG – Créditos: Grupo Isimples / climaaovivo.com.br

3 – Tóquio – 02 de julho

Nas primeiras horas da madrugada de 2 de julho de 2020, uma grande bola de fogo foi vista em grande parte da região de Kanto, no Japão. O bólido seguiu com grande luminosidade na direção nordeste e explodiu sobre Tóquio, a maior metrópole do planeta. Segundo Organização Internacional de Meteoros, o fenômeno foi causado por um pequeno asteroide de 1,5 metros e cerca de 5,5 toneladas que atingiu a atmosfera naquela noite e explodiu com energia equivalente a 150 toneladas de dinamite. Alguns dias depois, em 13 de julho, o Museu Nacional de Ciência de Tóquio, anunciou que foram encontrados os dois primeiros meteoritos na cidade de Narashino. Esses, que até hoje são os únicos encontrados dessa queda, foram classificados como condritos-H5 e receberam o nome de Meteorito Narashino.

Meteoro registrado em Kanto, Japão - Créditos: Kagawa

Meteoro registrado em Kanto, Japão – Créditos: Kagawa

2 – Rio Grande do Sul, Brasil – 01 de outubro

Um superbólido foi registrado no Rio Grande do Sul e Santa Catarina pelas câmeras da BRAMON, Clima ao Vivo e Observatório Heller & Jung. Um superbólido é um meteoro super luminoso, que brilha mais intensamente que a Lua cheia. No caso desse registrado no Rio Grande do Sul, ele brilhou tanto que em algumas localidades, a noite “virou dia” por alguns instantes. Os relatos enviados por moradores da região dão conta que postes de iluminação pública chegaram a desligar.

O fenômeno foi provocado por um pequeno asteroide com cerca de 1,74 metros e 9,4 toneladas que atingiu o Rio Grande do Sul na madrugada de 1° de outubro de 2020. Essa é a conclusão da BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros que investigou o caso. Os estudos indicam também que este evento deixou meteoritos em solo próximo à Vacaria, no Rio Grande do Sul, mas até agora, nada foi encontrado.

Superbólido registrado em Turvo, SC - Créditos: Netvale Internet / climaaovivo.com.br

Superbólido registrado em Turvo, SC – Créditos: Netvale Internet / climaaovivo.com.br

1 – China – 23 de dezembro

Uma gigantesca bola de fogo transformou, por alguns segundos, a noite em dia na região central da China no final da madrugada de 23 de dezembro. O fenômeno foi registrado por diversas câmeras de segurança e também por moradores da região, que gravaram por celular o momento em que o superbólido cruzava o céu. Ele também foi detectado pela rede internacional de sensores de infrassom, e a partir dos dados divulgados pela NASA foi possível concluir que o meteoro foi causado pelo impacto de um asteroide com cerca de 6,5 metros e 430 toneladas que explodiu sobre a China com energia equivalente a 9,5 mil toneladas de dinamite, cerca de dois terços da energia liberada pela Little Boy, a bomba atômica que devastou a cidade de Hiroshima no final da Segunda Guerra mundial.

Alguns minutos depois da passagem do meteoro, muitos moradores ouviram um intenso barulho e explosão e, apesar de algumas janelas quebradas, não há registros de feridos nem de maiores danos provocados pela explosão.

Superbólido registrado em Qinghai, China

Superbólido registrado em Qinghai, China

Esse foi o maior impacto registrado em 2020 e também o maior dos últimos 2 anos. Algo que, sem dúvida, não é nada comum, mas graças às redes de monitoramento e ao crescente número de câmeras espalhadas por todo o planeta, estão se tornando cada vez mais vistos e cada vez mais estudados. Ainda não sabemos o que o Cosmos nos trará de presente em 2021, mas torcemos para que tenhamos sempre mais e mais câmeras prontas para gravar esses fabulosos eventos que, ao mesmo tempo que assustam, nos fascinam tanto.

 

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