Meteoro PER – Estação GZT2 – Gabriel Zaparolli (Torres – RS)
Simplesmente a mais famosa de todas as chuvas de meteoros, a chuva Perseidas. Nunca falha em produzir belos exemplares, visíveis facilmente até por não entusiastas em Astronomia.
Esta chuva recebe o nome de Perseidas por conta da constelação em que está posicionado o radiante (Perseus). Observadores no hemisfério Norte da Terra podem começar a ver os meteoros PER já a partir de 23 de julho, mas ainda com baixas taxas de visualização.
Durante as três semanas seguintes, há um gradual incremento na taxa. isto torna possível ver uns 5 meteoros por hora, no início de agosto e 15 por hora por volta do dia 10. Os perseidas rapidamente a ocorrência para 50-80 por hora na noite de 12/13 de agosto, mas já no dia 15, a taxa é reduzida para pouco mais de 10 meteoros por hora. A última noite em que ainda é possível ver meteoros PER é 22 de agosto, quando a taxa não supera 1 por hora.
Para os observadores do hemisfério Sul, o radiante das perseidas nunca atinge grande elevação e isto reduz a percepção das grandes taxas da chuva. Mesmo assim, quanto mais próximo da linha do equador, melhor o espetáculo.
Exitem outras chuvas fracas simultâneas aos PER, mais os meteoros perseidas são muito mais rápidos que os demais. De fato, os perseidas estão entre os meteoros mais rápidos que podemos ver ao longo do ano. Outra forma de avaliar se um meteoro é ou não perseida, é traçar mentalmente o caminho de volta dele no céu. Se a trajetória apontar para a constelação do Perseus… SE você não tem certeza de onde está a constelação do Perseus as figuras 2 e 3 podem ajudar.
Figura 2. Simulação para para o céu de 13/08/17 às 4h30min (Local) para Maranguape – CE
Figura 3. Simulação para o céu de 13/08/17 às 4h30min (Local) para São Paulo – SP
A história
Os primeiros registros da chuva perseidas vem dos chineses, onde foi dito que em 36 d.C. mais de 100 meteoros foram vistos no final de uma madrugada em agosto. Numerosas referências surgiram por chineses, japoneses e coreanos ao longos dos séculos VIII, IX, X e XI, mas somente referências esporádicas sobraram dos séculos XII ao XIX (mesmo com agosto ainda guardando fama de ser um mês com grande atividade de meteoros).
Os meteoros desta chuva são apelidados de “As lágrimas de São Lourenço”, desde que muitos meteoros foram percebidos durante os festejos daquele santo, na Itália, a cada 10 de agosto. Entretanto, os créditos da descoberta de que os Perseidas eram uma chuva anual recorrente ficaram com Adolphe Quetelet (Bélgica), que em 1835 reportou uma chuva acontecendo em agosto e que emanava da constelação do Perseus.
Os primeiro observador a registrar uma contagem horária dos Perseidas, foi E. Heiss, que encontrou 160 meteoros/hora em 1839. Observações posteriores de Heiss e outros observadores pelo mundo, indicaram taxas entre 37 e 88 meteoros/hora até 1858. Interessante é que esta taxa subiu para a faixa de 78-102/hora em 1861. Em 1863, as medições mostraram taxas de 109-215/hora. Taxas normais foram percebidas por todo o século XIX.
Cálculos das órbitas dos perseidas etre 1864 e 1866 por G.V. Schiaparelli (Itália) revelaram forte similaridade orbital com o cometa Swift-Tuttle, que havia sido descoberto em 1862. Esta era a primeira vez que uma chuva de meteoros era associada diretamente a um cometa. Além do que, explicava as altas taxas de ocorrências de meteoros entre 1861 e 1863, época da aproximação do cometa. O Swift-Tuttle possui período orbital de 135 anos.
Os múltiplos retornos do cometa são os responsáveis pelo preenchimento da órbita do mesmo com partículas. Mas as regiões mais próximas do núcleo tem maior densidade de detritos.
A posição média do radiante principal dos perseidas se localiza próximo à estrela eta Persei. Mas outros radiantes tem atividade simultânea nas proximidades.Ainda em 1879, W.F. Denning (Inglaterra) informou que detectou duas outras chuvas simultâneas em chi e gamma Persei. Somando-se a isso, entre 1969 e 1971, três estudos mostraram que existem de fato radiantes maiores em chi e gamma perseids, mas também existem radiantes menores em alpha e beta Persei. Estes demais raiantes possui drift equivalente ao da chuva principal e se deslocam paralelos a este.
Considerando irregularidades de densidade das partículas ao longo da trilha dos perseidas, a quantidade de meteoros que deixam rastro persistente muda ao longo dos anos. A distribuição de massa das partículas também se mostra muito irregular. Tudo isto é gerado pela soma de material particulado ao longo de inúmeras passagens do Swift-Tuttle. Isso também promove mais expectativa ao espetáculo anual da chuva PER.
Nós, que compomos a BRAMON já estamos preparados para os registros e os estudos subsequentes. Já surgem meteoros PER em nossas câmeras. O espetáculo no Brasil é muito bonito. Por conta da posição baixa do radiante no céu, os meteoros passam rasantes sobre nós, gerando longos rastros. Alguns deles parecem até cruzar todo o campo de visão do céu. Vale muito a pena, ficar acordado e contemplar mais esta maravilha do Universo.
Fonte: meteorshowersonline. Tradução e Edição: Lauriston Trindade*
*Lauriston Trindade é integrante da BRAMON desde julho de 2015. Co-descobridor de chuvas de meteoros. Membro da IMO (Organização Internacional para Meteoros). Lauriston Trindade