E quando não temos chuvas de meteoros?

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Meteoro esporádico cruza a constelação de Órion, Fotografia Bruno Marinho.

Vez por outra, blogs, jornais e outras mídias noticiam chuvas de meteoros. Muitas pessoas acabam se acostumando a somente tentar observar tais fenômenos astronômicos nestas épocas mais badaladas. Perseidas, Leonídeos, Geminídeos… Surgem como palavras chave para ativar o interesse de astrônomos amadores, astrofotógrafos ou meros observadores comuns. Mas é interessante perceber que a cada noite, a Terra intercepta algumas partículas que estão dispersas no interior do Sistema Solar. Tais meteoros, que não estão associados a uma chuva específica recebem o nome de Esporádicos.

     Existem seis fontes conhecidas de meteoros esporádicos. Elas são chamadas: Helion, Antihelion, Northern Apex, Southern Apex, Northern Toroidal e Southern Toroidal.

     Os meteoros da fonte Helion surgem em um ponto próximo a posição do Sol no céu. Isto torna tais meteoros raramente vistos.

     As duas fontes Toroidais referem-se a partículas em órbitas altamente inclinadas em relação à eclíptica. Mas ainda não são regiões bem definidas, carecendo mais estudos. Isto deixa o Antihelion e os dois Apex como os melhores alvos para se observar meteoros.

     A dificuldade para fazermos a associação destes meteoros com chuvas específicas se dá pelo fato das regiões em questão possuírem grandes dimensões no céu. Ocupando áreas de 20º x 20º, englobam muitas constelações, por vezes. A classificação e divisão destes meteoros em grupos somente é possível se os listarmos em termos de velocidade no céu.

     A primeira fonte de esporádicos a entrar em atividade na noite é a Antihelion. Os meteoros produzidos tem baixa inclinação e estão seguindo em órbita direta (mesmo sentido do deslocamento da Terra). A interceptação se dá num ângulo perpendicular ao movimento orbital. A posição deste radiante na eclíptica é de 195º a leste ou 165º a oeste do Sol. Assim, o radiante nasce um pouco depois do por do sol, ficando em atividade durante toda a noite. O melhor horário para visualizar tais meteoros é a partir de 01h00min (horário padrão local). Tais meteoros terão média velocidade. Curiosamente, este radiante não fica diametralmente oposto ao Sol por conta de um efeito chamado: Atração de Apex. Os movimentos da Terra promovem um deslocamentos dos radiantes ligeiramente na direção destes movimentos no espaço. A Figura 1 mostra a posição do “radiante” Antihelion para o primeiro trimestre deste ano.

Figura 1. Reprodução – IMO Shower calendar 2017

     Os meteoros dos dois Apex são produzidos por partículas orbitando de forma retrógrada, encontrando a Terra na contramão de seu movimento orbital. Isto cria um duplo radiante, com cada porção posicionada 15º ao Norte e 15º ao Sul da eclíptica e a 90º do a Oeste do Sol. Estes radiantes nascem à meia noite (horário padrão local).

     Vale ressaltar que, mesmo somando-se todas as fontes de meteoros esporádicos, raramente estes ultrapassam uma contagem de 5 meteoros por hora. Tendo seus máximo geralmente pouco instantes antes do amanhecer.

      Tais meteoros podem mesmo ser de pequeno interesse para o observador casual. Mas são muito importantes para o estudo da dinâmica orbital, avaliação de rotas para deslocamento de sondas espaciais ou descoberta de novos radiantes.

     A cada noite, dezenas de esporádicos são registrados nas câmeras da BRAMON. Temos assim, a distribuição deste meteoros ao longo dos dias do ano, ressaltando-se as variações de ocorrência por conta do deslocamento aparente do Apex ao longo da translação terrestre. Temos também a distribuição dos esporádicos ao longo das horas do dia, facilitando a percepção da influência de cada fonte. E isto torna a observação e registro da ocorrência de meteoros uma pesquisa diária.

     As grandes chuvas de meteoros são eventos maravilhosos e cativantes. Mas toda noite teremos a oportunidade de ver as “estrelas cadentes” e fazer nossos pedidos.

Bons céus a todos.

Fontes: IMO – International Meteor Organization, AMS – American Meteor Society e Digital Astrolabe. Tradução: Lauriston Trindade

One Reply to “E quando não temos chuvas de meteoros?”

  1. […] é uma chuva de baixíssima intensidade e de difícil observação. Seus meteoros, participantes do Antihelion, entram em colisão com a atmosfera vindo de um direção perpendicular ao movimento orbital […]