Análise do Bólido de Santa Catarina

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Bólidos e Fireballs

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No dia 24 de março de 2019, pouco antes das 19 horas local, começaram a surgir relatos vindos do estado de Santa Catarina que informavam o que parecia ser a passagem de um bólido na direção do oceano. Os relatos chegaram para a nossa fanpage,  para a página do nosso grupo no Facebook e para a pagina de reporte um bólido. Um dos membros da BRAMON em Santa Catarina, o Rafael Bernadino também é administrador da página Conexão Geoclima e estava coletando relatos a partir de lá. Não demorou muito para aparecerem dois vídeos que mostravam a passagem do meteoro. Sendo um da cidade de Florianópolis-SC e o outro na cidade de Imbituba-SC.

A análise realizada a partir desses dois vídeos, pode nos dar uma ideia de que o meteoro ocorreu muito distante da costa. Informação essa que foi confirmada a partir das imagens do satélite GOES – 16, que mostrava um clarão a cerca de 550 km de Florianópolis. Esse clarão ocorreu em hora compatível com os relatos e no local próximo de onde a triangulação dos dois vídeos apontavam.

O vídeo gravado em Imbituba-SC, a partir da varanda de um apartamento, possui claras referências que permitiram calcular corretamente os parâmetros da passagem do meteoro. Entretanto o vídeo gravado em Florianópolis-SC, na praia da Joaquina, não tem tantas referências. Ainda sim conseguimos extrair dados de azimute e elevação para os pontos iniciais e final do bólido, evidentemente que com uma margem de erro maior, mas que nos permitiu calcular a trajetória e confirmar que o clarão observado no satélite GOES – 16  tratava-se realmente do bólido.

Depois de analisar as imagens de satélite, a professora Dra. Rachel Albrecht do Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG/USP, informou que não haviam no local nuvens capazes de gerar descargas elétricas e confirmou que o flash só poderia ser gerado pela passagem de um meteoro pela atmosfera.

De acordo com a triangulação feita pelas imagens de Florianópolis-SC e Imbituba-SC, somadas as informações coletadas pelo satélite GOES – 16, chegamos a trajetória apresentado abaixo.

A trajetória calculada indica o sentido de deslocamento Norte-Sul. Devido à margem de erro elevada dos dados de Florianópolis, é possível que haja uma pequena variação do ponto inicial para leste ou oeste. A altitude inicial calculada foi de 59.3 Km e a altitude final, de 32.92 Km. O meteoro se deslocou com velocidade média próxima a 17 Km/s e num ângulo de 18° em relação à superfície.

Veja nas imagens abaixo a projeção da trajetória do meteoro para cada ponto de visão.

O processo de busca de dados e análise deste bólido foi discutido em uma Live em que participamos no canal Space Today, no dia 25 de março de 2019, que pode ser visto no vídeo abaixo.

Ainda estamos trabalhando para melhorar a precisão dos dados analisados, para determinar a energia do impacto e consequentemente a massa do objeto. Uma estimativa a partir das imagens e dos dados já calculados, é que a massa inicial devia ter pelo menos 1 tonelada. A BRAMON segue buscando novos dados e informações que permitam apurar melhor o evento. Assim que houverem novidades desse caso, será divulgado aqui.

One Reply to “Análise do Bólido de Santa Catarina”

  1. […] meteoro analisado pela BRAMON nos últimos 30 dias apenas no Brasil. No dia 24 de março, houve um grande bólido registrado no final da tarde na costa de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No dia seguinte, um outro meteoro foi registrado no interior de Santa Catarina e no dia 03 desse […]